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  • Terça-feira, 30 de agosto de 2005

    Sonhos

    Sonhar é uma tarefa das mais fáceis, ao ponto que tornar os sonhos realidade é algo completamente diferente. Todos sonhamos com alguma coisa: uma casa, um amor, luxúria, muito dinheiro, justiça social ou até mesmo a paz mundial. Poucos somos os que conseguimos realizar nossos sonhos.

    Algumas pessoas cometem o disparate de afirmar que perderam a capacidade de sonhar. Que o mundo os transformou em cínicos, descrentes da felicidade, de Deus, da vida e até da morte. Mas eu não acredito que bem no fundo de seus corações não haja um único sonho, ainda que bem pequeno, daqueles assim mirradinhos, como saborear um filé com fritas ou morder as coxas da dona do botequim da esquina.

    Dizem que Deus só dá a uma pessoa os fardos que essa possa carregar. Se os fardos são sempre proporcionais à capacidade do seu carregador, por qual razão os sonhos são tão mal distribuídos? Afinal, são bem poucos aqueles que sonham com o realizável.

    É fácil afirmar que muitos brasileiros sonharam com o prêmio da Super Mega-Sena acumulada, aquela que pagou quase setenta milhões de reais; mas o único ganhador foi um pernambucano lá de Arco-verde, que ganhou o bilhete numa mesa de bilhar e só sonhava com os peitos da Marizete. E é bom que se diga, teve seu sonho realizado poucos horas depois de descobrir que o bilhete fora o premiado.

    Já Andréa, uma menina do alto dos seus sete anos, só sonhava em se casar com o sorveteiro pra herdar todos os picolés de frutas. O irmão sonhava com os picolés de chocolate que ganharia do cunhado sorveteiro. O sorveteiro, casado com uma mulher infértil, sonhava com filhos a quem pudesse dar picolés dos mais diversos sabores, além de muito amor.

    A verdade é que os sonhos só fazem sentido quando são impossíveis. Para um caixa de banco, jogar uma partida de futebol no gramado do Pacaembu é um sonho distante. Já o centroavante de um time grande de futebol sonha em poder caminhar pelas ruas tranqüilamente, sem o assédio dos repórteres ou dos torcedores. Os famosos sonham com uma vida normal, enquanto todos os demais sonham com uma vida de estrela.

    Seria uma inverdade dizer que sonhos não se realizam. Mas mesmo aqueles que se realizam, invariavelmente têm um sabor um tanto quanto azedo. Um sonho realizado deixa de ser um sonho, é apenas um acontecimento da vida real. E todos sabemos que a vida real, por melhor que seja, não chega aos pés de um sonho. Os sonhos não têm data de validade; a vida passa, e passa rápido. O sonho é sempre daquele jeitinho que você sonhou, com trilha sonora e tudo. Na vida real existem os problemas, como a champagne que não estoura, a cerveja quente, a celulite e a broxada.

    Eu diria que alguns sonhos devem ser alcançados, mas esses têm de ter outro nome: objetivo. Já os impossíveis, esses devem ser apenas sonhados. Com direito a champagne que estoura e trilha sonora original.