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  • Terça-feira, 26 de abril de 2005

    O homem e o tempo

    O sofrimento humano é um sentimento absolutamente pessoal. E incomparável no caso dos homens livres.

    Definiremos aqui como homem livre aquele que não possui vícios ou crenças. O homem livre é livre justamente porque está apto a tomar suas decisões sem a interferência de um poder mais forte que o de sua própria consciência. Um fumante não pode decidir o destino de 100% de seus ganhos, pois uma parcela certamente será destinada para a compra de cigarros. Assim como um crente não pode tomar decisões desvinculadas do medo que sente do inferno.

    É certo que filósofos já escreveram centenas de teorias sobre a definição de homem, e também sobre a definição de liberdade. Seria desnecessário, já que homem todos sabemos o que é, e liberdade não explicamos, sentimos. Mas apesar de tudo isso, cá estou, tolo o suficiente para desenvolver uma nova teoria (que talvez já exista) sobre os homens livres.

    Estando definido (ou redefinido) o homem livre, reafirmo: não existe sofrimento maior que o deste. Pois o homem livre está sempre consciente de que todos os acontecimentos de sua vida são conseqüência direta de suas próprias decisões. Todos os seus erros têm que ser encarados de frente, sem desculpas ou subterfúgios.

    O viciado sempre pode jogar a responsabilidade dos seus atos sobre o álcool, a cocaína ou o chocolate. O crente pode atribuir suas misérias à vontade de Deus ou a influência do Diabo. Mas os homens livres simplesmente têm que lidar com o próprio fracasso.

    Não fosse isso doloroso o suficiente, o homem livre ainda se depara com outra dificuldade: tem que encarar o sofrimento de cara limpa e alma solitária. O homem livre não afoga sua dor em uísque escocês ou rabo de galo, não engole os problemas com bombons de cereja, não compra a paz com cartão de crédito e nem mesmo pode esperar pelo consolo imaterial de um Deus que ele acredita não existir.

    Ao homem livre, só resta uma saída: o tempo, que é alheio aos vícios, às crenças, às alegrias e ao sofrimento humano.

    O tempo, que passa e leva consigo o conforto passageiro dos viciados, o medo dos crentes, e também a dor verdadeira e incomparável do homem livre.