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  • Terça-feira, 24 de maio de 2005

    Ciúmes

    Toca o telefone celular de Carlos. Luisa, dispensada mais cedo do trabalho, avisa o marido que vai ao cinema com um colega de escritório. Que vai chegar em casa no meio da tarde, e que por essa razão irá preparar um jantar, ao invés de saírem para jantar como fora combinado anteriormente.

    Carlos ouve, deseja um bom divertimento a Luisa, diz que a ama, e desliga o telefone. Transtornado.

    O ciúme pode destruir um relacionamento. Mais que isso, o ciúme pode destruir uma vida. De todos os sentimentos humanos, é provavelmente o mais nefasto. Claro que ódio, desprezo e vingança são ruins, mas só o ciúme tem o poder de desencadear todos esses sentimentos.

    E não é só isso. O ciúme é um sentimento que surge dentro do indivíduo. A sede de vingança, o ódio e o desprezo geralmente são criados por fatores externos. Eu quero vingança porque mataram meu pai, eu tenho ódio de alguém que me humilhou, eu sinto desprezo por alguém que me magoou. Mas eu sinto ciúmes de alguém que eu amo.

    Carlos sabe disso. E por essa razão sofre tanto. Ele sabe que está sendo consumido por um sentimento que não encontra sentido em outro lugar que não sua própria insegurança. Sente-se vítima de si mesmo, e teme que alguma gota de ressentimento possa respingar em Luisa, cuja única culpa em toda essa história, é ser amada.

    Talvez Luisa tenha outras culpas: é bonita, inteligente, e sua timidez a torna especialmente intrigante e desejável. Carlos sabe porque fora atraído por esse desejo quando a conheceu. Será possível que outros homens não percebam?

    Claro que percebem. E desejam. E alguns farão de tudo para conquista-la. Afinal de contas, se um sujeito que só é especial aos olhos de Luisa conseguiu, por que não outros, mais bonitos e mais inteligentes que ele?

    Carlos confia em Luisa. Confiança é o elemento sem o qual relacionamento nenhum pode funcionar por mais de poucas horas. Ela jamais dera motivos para que ele não confiasse. Carlos acredita, do fundo de seu coração, que Luisa jamais teria outro homem sem que ele soubesse primeiro.

    O único problema de Carlos é explicar isso para seu estômago, que insiste em se comportar como se fosse uma secadora de roupas. Suas mãos também têm dificuldades para entender esse conceito de confiança, já que elas estão geladas, e suam sem parar.

    Carlos sabe que o dia está perdido. Não conseguirá se concentrar no trabalho, terá dificuldades para comer, e gastará cada minuto pensando em Luisa, em seu colega de trabalho e em uma sala de cinema qualquer.

    E assim será até que Carlos chegue em casa e encontre Luisa, que estará esperando por ele, tão apaixonada e inocente como no dia em que se conheceram. Luisa dirá que o ama, e que sentiu falta de sua companhia no cinema. E durante um abraço, Carlos voltará a sentir-se o homem mais feliz do mundo.